Reflexão para a vida !!!
Esse espaço foi criado com a finalidade de compartilhar experiências de leitura com participantes do curso MGME, oferecido pela SEE/SP. A todos aqueles que se interessarem sejam bem-vindos!
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
O
MUNDO SEM INTERNET?
As
crianças e os adolescentes de hoje em dia não conseguem, se quer imaginar o
mundo sem a internet. Não que eles não tenham capacidade, mas não conseguem
porque não viveram em um mundo sem internet. A geração de seus pais e avós
talvez sejam uma espécie em extinção, pois, nasceram antes da década de 80
quando ainda não havia tido a explosão deste fenômeno mundial.
Se pararmos para pensar, veremos que todas as pessoas que
nasceram antes dos anos 80 tiveram este “precioso” privilégio, que de agora em
diante ninguém mais terá. Estas pessoas, e me incluo também, conheceram dois
mundos: o mundo antes e o mundo depois da internet!
No mundo antes da internet, sabíamos que qualquer
documento tinha que ser enviado pelo correio. As notícias chegavam pelo rádio,
TV ou jornal. Procuravamos o telefone de alguém na gigantesca lista telefônica
e o endereço no Guia de Ruas. Pesquisavamos qualquer tema de trabalho escolar
na respeitada Enciclopédia Barsa (também era muito respeitada a família que
possuísse uma na estante de sua sala). Enfim, o mundo era mais concreto e mais
lento e, óbviamente, isso tinha suas vantagens e desvantagens.
Até mesmo a noção de distância era outra, porque as
cartas demoravam para ir e custavam para voltar com as notícias de alguém
distante. Isso nos dava a noção do quão longe alguém estava. Até mesmo as
conversas eram mais longas e para encontrarmos alguém tínhamos que marcar hora
e lugar. As fotos eram reveladas e só então, podíamos ver o que havia sido
fotografado. Este mundo sem a internet virou história para contar aos jovens
que não o vivenciaram e por isso, não conseguem imaginá-lo.
Dificuldade semelhante também tivemos para imaginar o
mundo com a internet. E é surpreendente pensarmos que os motivos do seu
surgimento estavam bem longe desta verdadeira transformaçào mundial que
ocasionou. No final dos anos 50, os militares americanos começaram a utilizar
um meio informatizado para desenvolver projetos em conjunto e à distância. Em
1969 incluiram as universidades americanas e depois outras redes paralelas o
que promoveu o nome: internet (redes interligadas) capaz de se comunicar com qualquer
computador. Daí em diante, tudo mudou.
Surgiu
o grande “sábio” chamado Google, que nos responde o que quer que seja. O
Facebook nos permite encontrar alguém distante e nos surpreender com o fato de
que temos amigos em comum que nunca antes imaginávamos. O mundo ficou tão
pequeno e tão conectado! Talvez nunca antes tenhamos nos sentido tão
“interligados” como se estivéssemos numa grande “rede social”.
Esta
sensação de pertencimento a este mundo virtual tão pequeno é desconhecida pelas
antigas gerações. O que elas puderam testemunhar foi um mundo mais real e muito
grande. Assim como, é desconhecido para as gerações pós-internet todas estas
experiências não-virtuais. Mas de tudo, o que nunca pode desaparecer é o
intercâmbio de experiências entre as gerações. Contar histórias sempre foi uma
atividade que contribui muito para o desenvolvimento humano. E é através das
histórias, dos diálogos, do relacionamento com nossas crianças e adolescentes
que, vamos ensinando a realidade de um mundo que existe além da tela do
computador. (autor desconhecido).
quinta-feira, 5 de junho de 2014
O Toco de Lápis - Pedro Bandeira - 6º ano Fundamental
O Toco de Lápis
Lá, num fundo de gaveta, dois lápis estavam juntos.
Um era novo, bonito, com ponta muito bem feita. Mas o outro – coitadinho! – era triste de se ver. Sua ponta era rombuda, dele só restava um toco, de tanto ser apontado.
O grandão, novinho em folha, olhou para a triste figura do companheiro e chamou:
– Ô, baixinho! Você, aí embaixo! Está me ouvindo?
– Não precisa gritar – respondeu o toco de lápis. – Eu não sou surdo!
– Não é surdo? Ah, ah, ah! Pensei que alguém já tivesse até cortado as suas orelhas, de tanto apontar sua cabeça!
O toquinho de lápis suspirou:
– É mesmo... Até já perdi a conta de quantas vezes eu tive de enfrentar o apontador...
O lápis novo continuou com a gozação:
– Como você está feio e acabado! Deve estar morrendo de inveja de ficar ao meu lado. Veja como eu sou lindo, novinho em folha!
– Estou vendo, estou vendo... Mas, me diga uma coisa: Você sabe o que é uma poesia?
– Poesia? Que negócio é esse?
– Sabe o que é uma carta de amor?
– Amor? Carta? Você ficou louco, toquinho de lápis?
– Fiquei tudo! Louco, alegre, triste, apaixonado! Velho e gasto também. Se assim fiquei, foi porque muito vivi. Fiquei tudo aquilo que aprendi de tanto escrever durante toda a vida. Romance, conto, poesia, narrativa, descrição, composição, teatro, crônica, aventura, tudo! Ah, valeu a pena ter vivido tanto, ter escrito tanta coisa, mesmo tendo de acabar assim, apenas um toco de lápis. E você, lápis novinho em folha: o que é que você aprendeu?
O grandão, que era um lindo lápis preto, ficou vermelho de vergonha...
Um era novo, bonito, com ponta muito bem feita. Mas o outro – coitadinho! – era triste de se ver. Sua ponta era rombuda, dele só restava um toco, de tanto ser apontado.
O grandão, novinho em folha, olhou para a triste figura do companheiro e chamou:
– Ô, baixinho! Você, aí embaixo! Está me ouvindo?
– Não precisa gritar – respondeu o toco de lápis. – Eu não sou surdo!
– Não é surdo? Ah, ah, ah! Pensei que alguém já tivesse até cortado as suas orelhas, de tanto apontar sua cabeça!
O toquinho de lápis suspirou:
– É mesmo... Até já perdi a conta de quantas vezes eu tive de enfrentar o apontador...
O lápis novo continuou com a gozação:
– Como você está feio e acabado! Deve estar morrendo de inveja de ficar ao meu lado. Veja como eu sou lindo, novinho em folha!
– Estou vendo, estou vendo... Mas, me diga uma coisa: Você sabe o que é uma poesia?
– Poesia? Que negócio é esse?
– Sabe o que é uma carta de amor?
– Amor? Carta? Você ficou louco, toquinho de lápis?
– Fiquei tudo! Louco, alegre, triste, apaixonado! Velho e gasto também. Se assim fiquei, foi porque muito vivi. Fiquei tudo aquilo que aprendi de tanto escrever durante toda a vida. Romance, conto, poesia, narrativa, descrição, composição, teatro, crônica, aventura, tudo! Ah, valeu a pena ter vivido tanto, ter escrito tanta coisa, mesmo tendo de acabar assim, apenas um toco de lápis. E você, lápis novinho em folha: o que é que você aprendeu?
O grandão, que era um lindo lápis preto, ficou vermelho de vergonha...
Pedro Bandeira
Estudando o texto
1) Leia a frase abaixo:
“Sua ponta era rombuda, dela só restava um toco”
Esta frase quer dizer que o lápis era:
a) ( ) fino
b) ( ) pequeno
c) ( ) grande
2) Os dois lápis estavam:
a) ( ) no estojo
b) ( ) na gaveta
c) ( ) na mochila
3) De acordo com o texto, o grandão novinho em folha, se refere ao:
a) ( ) lápis sem ponta
b) ( )lápis pequeno
c) ( ) lápis novo
4) Leia o trecho:
“Até perdi a conta de quantas vezes eu tive de enfrentar o apontador.”
A expressão em destaque quer dizer que:
a) ( ) brigar com o apontador
b) ( ) quebrar o apontador
c) ( ) ser apontado várias vezes
5) Leia a frase:
“O lápis novo continuou a gozação.”
A palavra em destaque pode ser substituída por;
a) ( ) elogio
b) ( ) zombaria
c) ( )diálogo
6) Leia o trecho onde o lápis grande fala a seguinte frase:
“ _ Como você está feio e acabado! Deve estar morrendo de inveja de ficar ao meu lado. Veja como eu sou lindo, novinho em folha!”
O lápis novo, revela uma atitude:
a) ( ) simpática
b) ( ) delicada
b) ( )arrogante
7) Leia o trecho:
“ Se assim fiquei, foi porque muito vivi.”
O personagem do texto retratado nesta frase é:
a) ( ) O lápis novo e bonito.
b) ( ) O lápis de pouco uso.
c) ( ) O lápis velho e gasto de tanto escrever.
8) Leia o trecho: “Você ficou louco toquinho de lápis?”
No texto, a frase acima indica:
a) ( ) perder a consciência.
b) ( ) ficar nervoso
c) ( ) ficar contente
9) O toquinho de lápis, revelou uma condição de:
a) ( ) tristeza
b) ( ) insatisfação
c) ( ) alegria e experiência
10) Por que o lápis grandão, novinho em folha ficou com vergonha?
a) ( ) Porque foi desmascarado
b) ( ) Porque era grandão demais
c) ( ) Porque percebeu que nada aprendeu.
Gabarito:1b 2b 3c 4c 5b 6c 7c 8a 9c 10c
Lendas urbanas - Fundamental
A lenda
Segundo a lenda, as crianças do saco que o velho carrega, eram crianças que estavam sem nenhum adulto por perto, em frente às suas casas ou brincando na rua. O velho pegaria a criança caso ela saísse sem ninguém de dentro de casa.
Em versões alternativas da lenda, em vez de um velho, o elemento que levava as crianças era um cigano e, em versões remotas, esse velho ou o cigano levava as crianças para sua casa e fazia com elas sabonetes e botões.
Não há evidências exatas de quando se deu o início das lendas, mas há uma estimativa histórica de que se deu com a chegada dos Sintos e dos Rom no Brasil. A migração do povo Cigano para as Américas se deu no fim do Século XIX. Sem Pátria, num mundo onde tudo se transforma em uma velocidade cada vez maior o povo cigano viveu durante muito tempo marginalizado da sociedade e desenvolveu-se uma aversão da população a esse povo, tachando-os de ladrões, sequestradores e vadios.
No início do surgimento da lenda do Velho do Saco, os pais amarravam uma fita vermelha na perna da cama da criança indesejada e o velho do saco passava a noite de casa em casa, se houvesse uma fita vermelha na perna da cama o velho do saco poderia levar embora a criança em questão. Essa história era a versão original da lenda do velho do saco, os pais a usavam para assustar as crianças ou para forçarem as crianças a serem obedientes.
A LOIRA DO BANHEIRO
Diz a lenda que uma garota muito bonita de cabelos loiros com aproximadamente 15 anos, sempre planejava maneiras de matar aula. Uma delas era ficar no banheiro da escola esperando o tempo passar. No entando um dia, um acidente terrivel aconteceu. A loira escorregou no piso molhado do banheiro e bateu sua cabeça no chão. Ficou em coma e pouco tempo depois veio a falecer.
No fim de tudo isso, a menina não se conformou com seu fim trágico e prematuro, sua alma não quis descansar em paz e passou a assombrar os banheiros das escolas. Muitos alunos juram ter visto a famosa loira do banheiro, pálida e com algodão no nariz para evitar que o sangue escorra.
quinta-feira, 27 de março de 2014
O açúcar – Ferreira Gullar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Corrupção: Debate: O que é?
No Brasil é muito comum associarmos a corrupção aos políticos: deputados, senadores, vereadores, prefeitos etc. Não é à toa, afinal de contas quase todos os dias os jornais e a TV apresentam denúncias do uso de recursos públicos e verbas para o favorecimento pessoal. Segundo a organização Transparência Internacional, o Brasil é o 73º país mais corrupto do mundo. O mais curioso é que, apesar da percepção generalizada sobre o problema, a discussão sobre as causas e as possíveis soluções ainda é insuficiente ou superficial. E muito pouco se fala sobre atos cotidianos que também podem ser considerados corruptos como sonegar imposto ou dar uma gorjeta para o garçom esperando sentar na melhor mesa do restaurante.
Vamos fazer uma análise sobre nossa presença na política e no nosso dia a dia?
Relatos de pessoas que sofreram bullying
http://oglobo.globo.com/educacao/veja-aqui-outros-relatos-de-pessoas-que-sofreram-bullying-na-escola-3122758
Vamos juntos eliminar esse problema !!!
domingo, 9 de março de 2014
Importância da leitura
"A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo." Joseph Addison.
O NOIVADO DO SEPULCRO – Soares de Passos - Ensino Médio
O NOIVADO DO SEPULCRO –
Soares de Passos
BALADA
Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.
Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.
Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:
"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d'amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?
"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?
"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!
"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.
"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!
- "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
- "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.
Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.
"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?
"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
- "Oh vejo sim... recordação fatal!
- "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.
"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"
E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrada, d'infeliz amor.
Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.
Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.
BALADA
Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.
Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.
Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:
"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d'amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?
"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?
"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!
"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.
"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!
- "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
- "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.
Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.
"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.
"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?
"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
- "Oh vejo sim... recordação fatal!
- "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.
"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"
E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrada, d'infeliz amor.
Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.
Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.
Revisão: Tipos de Discurso
TIPOS DE DISCURSO
O discurso pode ser classificado em: direto, indireto e indireto livre.
1-Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto são as citações ou transcrições exatas da declaração de alguém.
- Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala, usando aspas ou travessões para demarcar que está reproduzindo a fala de outra pessoa.
Exemplo de discurso direto: “Não gosto disso” – disse a menina em tom zangado.
2-Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos então uma mistura de vozes, pois as falas dos personagens passam pela elaboração da fala do narrador.
- Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa sua própria voz, o que foi dito pela personagem passa pela elaboração do narrador. Não há uma pontuação específica que marque o discurso indireto.
Exemplo de discurso indireto: A menina disse em tom zangado, que não gostava daquilo.
3-Discurso indireto livre: É um discurso misto onde há uma maior liberdade, o narrador insere a fala do personagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso direto. É necessário que se tenha atenção para não confundir a fala do narrador com a fala do personagem, pois esta surge de repente em meio a fala do narrador.
Exemplo de discurso indireto livre: A menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu não gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia
Vídeos : Voltando a falar sobre: "Bullying"
O bullying é um
problema que afeta
milhões de crianças
e adolescentes sem
importar de onde são,
nem de onde vêm.
É um problema grave,
principalmente nas
escolas, e precisa ser
resolvido o quanto antes.
Bullying é agredir ou humilhar outra pessoa de
forma repetida. Insultar, espalhar rumores, ferir
física ou emocionalmente e ignorar alguém
também são formas de bullying entre pares.
quarta-feira, 5 de março de 2014
Reflexão: Que país é esse ?
Violência
no transito – jovens
Que país
é esse?
Essa pergunta feita pelo poeta exprime a perplexidade diante da violência no
trânsito em nosso país.
Como podemos perder tantos jovens chegando ao ponto de provocar uma alteração
na relação entre o número de homens (que morrem mais) e de mulheres?
Que país é esse?
Onde pessoas alcoolizadas dirigem ?
Onde motoristas profissionais tomam estimulantes para aumentar a capacidade de
ficar acordado?
Onde jovens saem e fazem pegas para se exibirem?
Recentemente tivemos retratado na TV que um jovem bêbado vindo de uma festa de
calouros perdeu a direção do automóvel que dirigia e atropelou um frentista num
posto de gasolina, com o homem sob as rodas ele continuou acelerando. Mas do
que pedir punição para ele deveríamos refletir sobre a formação moral e ética
do jovem que mesmo bêbado pega na direção do automóvel e dirige causando
ferimentos graves em outrem ou pior provocando a sua morte.
Cabe aos pais avaliar a maturidade de seus filhos para dirigir, o fator idade é
muito pouco para ser o único parâmetro.
A visita a hospitais de poli-traumatizados deveria ser obrigatório para quem
tira a primeira licença para dirigir, talvez vendo as consequências da direção
perigosa os índices de violência no trânsito diminuísse.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Vídeo: Banda Sujeito Simples 2
03:00 Número e Pessoa Verbal
05:11 Crase 1
08:42 Crase 2
11:15 Modo Verbal e Vozes do Verbo
14:20 Frase, Oração e Período
16:51 O Grau dos Adjetivos
19:36 Tempo Verbal
22:54 O Plural dos Substantivos Simples
27:17 O Plural dos Substantivos Compostos
Dicas de ortografia: Quando usar EU e MIM
Quando
usar EU e MIM
Mim não conjuga verbo.
Quantas vezes você já falou ou ouviu alguém dizer que MIM faz alguma coisa, mim é passivo, portanto, não faz nada!
É tão simples compreender o uso do mim. MIM não conjuga verbo quem conjuga verbo são os pronomes do caso reto: EU, TU,ELE, NÓS, VÓS, ELES. Estão vendo algum MIM entre estes pronomes? Mim é um pronome oblíquo tônico e surge após uma preposição: para mim, de mim, por mim.
Exemplos:
Quantas vezes você já falou ou ouviu alguém dizer que MIM faz alguma coisa, mim é passivo, portanto, não faz nada!
É tão simples compreender o uso do mim. MIM não conjuga verbo quem conjuga verbo são os pronomes do caso reto: EU, TU,ELE, NÓS, VÓS, ELES. Estão vendo algum MIM entre estes pronomes? Mim é um pronome oblíquo tônico e surge após uma preposição: para mim, de mim, por mim.
Exemplos:
- Ela
foi fazer aquele trabalho para
mim
- Traga
aquela roupa para mim
- Volte
por mim
Ao contrário do que muita gente pensa, o EU sempre
vem sempre antes do verbo determinando uma ação. O EU é
o sujeito da ação.
Exemplos:
Exemplos:
- Aquele
trabalho é para EU fazer
- Quando
EU for em casa pegarei o celular
- A
lição serviu para EU não errar mais
Jamais use o MIM antes do verbo
no infinitivo
Não tenha medo de usar o EU antes do verbo no infinitivo
O que for para MIM fazer, faço! Errado.
O que for para EU fazer, faço! Correto.
O que for para EU fazer, faço! Correto.
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Texto: Admirável mundo louco - sugestão para Fundamental.
Texto: Admirável mundo louco
Um estudante da Universidade Fluterques acreditava na existência de vida inteligente fora de seu planeta. Dedicou-se, portanto, a esse tipo de pesquisa. Finalmente, acabou descendo em um planeta habitado por seres estranhíssimos que ele chamou de freguestes. Deixou um manuscrito rico e interessante para as gerações futuras, com suas impressões sobre esse lugar.
5 – Como o narrado descreve o relacionamento entre adultos e crianças?
Um estudante da Universidade Fluterques acreditava na existência de vida inteligente fora de seu planeta. Dedicou-se, portanto, a esse tipo de pesquisa. Finalmente, acabou descendo em um planeta habitado por seres estranhíssimos que ele chamou de freguestes. Deixou um manuscrito rico e interessante para as gerações futuras, com suas impressões sobre esse lugar.
Em cima eles têm esfera, só que não é bem redonda.
De um lado da esfera tem uns fios muito finos, que são de muitas cores.
Do outro lado tem o que eu acho que é a cara deles.
Na cara, bem em cima, eles têm umas bolas que eles chamam de olhos. É por aí que sai, às vezes, uma aguinha. Mas só às vezes.
Um pouco mais embaixo tem uma coisa que salta pra fora, com dois buraquinhos bem embaixo. Isso eles chamam de nariz.
Mais abaixo ainda tem um buraco grande, cheio de grãos brancos e tem uma coisa vermelha que mexe muito.
Os freguetes estão sempre botando dentro deste buraco umas coisas que eles chamam de comida. Essa tal comida é que dá a eles energia, como a nossa fagula. Tem uns que botam bastante comida dentro. Tem outros que só botam de vez em quando.
Esses buracos servem pra outras coisas, também.
É por aí que saem uns sons horrorosos que é a voz lá deles.
Embaixo da bola tem um tubo que une a bola ao corpo.
Do corpo saem quatro tubos: dois pra baixo e dois pros lados. Os tubos de baixo, que se chamam pernas, chegam até o chão e servem para empurrar os fraguetes de um lado pro outro.[...]
Eles moram, quase todos, amontoados nuns lugares muito feios, que eles chamam de cidades.
Esses lugares cheiram muito mal por causa de umas porcarias que eles fabricam e de umas nuvens escuras que saem de uns tubos muito grandes que por sua vez saem de dentro de umas caixas que eles chamam de fábricas.
Parece que eles vivem dentro de outras caixas. Algumas destas caixas são grandes, outras são pequenas.
Nem sempre moram mais freguetes nas caixas maiores.
Às vezes acontece o contrário: nas caixas grandes moram pouquinhos freguetes e nas caixas pequeninas mora um montão deles.
Nas cidades existem muitas caixas amontoadas umas nas outras.
Parece que dentro destes amontoados há um tubo, por onde corre um carrinho na direção vertical, chamado elevador, porque eleva as pessoas para o alto dos amontoados.
Não ouvi dizer que eles tenham descedores, o que me leva a acreditar que eles pulem lá de cima até embaixo, de alguma maneira que eu não sei explicar.
Quando fica claro, eles saem das caixas deles e todos começam a ir pra outro lugar e ficam nisso de ir daqui pra lá o tempo todo, até que fica escuro e todos voltam pro lugar de onde vieram.
Não sei como é que eles encontram o lugar de onde eles saíram, mas encontra; e entram outra vez nas caixas.
Assim que eu cheguei era pouco difícil compreender o que eles diziam. Mas logo, logo, graças a meus estudos de flóbitos, consegui aprender uma porção de línguas que eles falam.
Ah, porque eles falam uma porção de línguas diferentes.
E como é que eles se entendem?
Quer dizer, tem uns que entendem os outros, mas não é todo mundo, não.
Eles vivem brigando muito, os grandes brigam com os pequenos o tempo todo e então os bem pequenos começam a gritar e é aí que sai água das bolas que eles têm na cara.
Algumas pessoas de um brigam com as outras pessoas de outro lugar e eles chamam isso de guerra e então eles jogam uns nos outros umas coisas que destroem tudo que eles passam um tempão fazendo. E até destroem eles mesmos.[...]
Pois este planeta, que é chamado por seus freguetes de Terra, é incrivelmente semelhante ao Planeta Flórides do sistema Flíbito, que se desintegrou, na era Flatônica, não se sabe por quê, mas que, nessa ocasião, desprendeu grandes nuvens de fumaça em forma de cogumelos...
Ruth Rocha. Admirável mundo louco. Rio de Janeiro, Salamandra, 1986,
Estudo do texto
Palavras e expressões
1 – Escrevas o significado das palavras destacadas.
a) “Um pouco mais embaixo tem uma coisa que salta pra fora, com dois buraquinhos bem embaixo.”
b) “Embaixo da bola tem um tubo que une a bola ao corpo.
c) “Do corpo saem quatro tubos: dois pra baixo e dois pros lados.
2 – Como o extraterrestre define estas palavras?
Poluição:
Elevador:
3 – O narrador inventa palavras para explicar os fatos. A partir da sua definição de elevador, que neologismo ele criou?
Neologismo é a palavra, frase ou expressão nova ou antiga com sentido novo.
4 – Qual o significado destes neologismo?
a) freguetes = c) flóbitos =
b) fagula = d) Flatônica =
O significado do texto
1 – O narrador escreve sobre os hábitos e os costumes daqueles seres estranhos – como vivem, fala, alimentam-se - , fazendo também algumas indagações sobre fatos que não consegue compreender. Que mensagem ele quis transmitir ao leitor?
Narração é uma história, um relato de fatos reais ou imaginários, com sequência lógica de idéias e com começo, meio e fim.
Narrador é aquele que conta a história.
2 – O que o narrador está descrevendo na frase abaixo?
“Mais abaixo ainda tem um buraco grande, cheio de grãos brancos e tem uma coisa vermelha que mexe muito.”
3 – Como são descritas as cidades da Terra?
4 – Que crítica há na frase abaixo?
“...: nas caixas grandes moram pouquinhos freguetes e nas caixas pequeninas mora um montão deles.”
5 – Como o narrado descreve o relacionamento entre adultos e crianças?
6 – O que os freguetes chamam de guerra?
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Vídeo: Banda Sujeito Simples
00:00 Preposição
03:18 Substantivo
05:42 Adjetivo
09:51 Interjeição
12:12 Verbo
14:47 Numeral
17:53 Pronome
20:31 Conjunção
" A hora da estrela" - Clarice Lispector. - Resenha - Vale a pena ler: fantástico
Personagens
Macabéa: Alagoana, 19 anos e foi criada por uma tia beata que batia nela (sobre a cabeça, com força); completamente inconsciente, raramente percebe o que há à sua volta. A principal característica de Macabéa é a sua completa alienação. Ela não sabe nada de nada. Feia, mora numa pensão em companhia de 3 moças que são balconistas nas Lojas Americanas (Maria da Penha, Maria da Graça e Maria José). Macabéa recebe o apelido de Maca e é a protagonista da história. Possivelmente o nome Macabéa seja uma alusão aos macabeus bíblicos, sete ao todo, teimosos, criaturas destemidas demais no enfrentamento do mundo; a alusão, no entanto, faz-se pelo lado do avesso, pois Macabéa é o inverso deles.
Olímpico: Olímpico se apresentava como Olímpico de Jesus Moreira Chaves. Trabalhava numa metalúrgica e não se classificava como "operário": era um "metalúrgico". Ambicioso, orgulhoso e matara um homem antes de migrar da Paraíba. Queria ser muito rico, um dia; e um dia queria também ser deputado. Um secreto desejo era ser toureiro, gostava de ver sangue.
Rodrigo S. M.: Narrador-personagem da história. Ele tem domínio absoluto sobre o que escreve. Inclusive sobre a morte de Macabéa, no final.
Glória: Filha de um açougueiro, nascida e criada no Rio de Janeiro, Glória rouba Olímpico de Macabéa. Tem um quê de selvagem, cheia de corpo, é esperta, atenta ao mundo.
Madame Carlota: É a mulher de Olaria que porá as cartas do baralho para "ler a sorte"de Macabéa. Contará que foi prostituta quando jovem, que depois montou uma casa de mulheres e ganhou muito dinheiro com isso. Come bombons, diz que é fã de Jesus Cristo e impressiona Macabéa. Na verdade, Madame Carlota é uma enganadora vulgar.
Outras personagens: As três Marias que moram com Macabéa no mesmo quarto, o médico que a atende e diagnostica a gravidade da tuberculose e o chefe, seu Raimundo, que reluta em mandá-la embora.
Enredo
Macabéa (Maca) foi criada por uma tia beata, após a morte dos pais quando tinha dois anos de idade. Acumula em seu corpo franzino a herança do sertão, ou seja, todas as formas de repressão cultural, o que a deixa alheia de si e da sociedade. Segundo o narrador, ela nunca se deu conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável.
Ignorava até mesmo porque se deslocara de Alagoas até o Rio de Janeiro, onde passou a viver com mais quatro colegas na Rua do Acre. Macabéa trabalha como datilógrafa numa firma de representantes de roldanas, que fica na Rua do Lavradio. Tem por hábito ouvir a Rádio Relógio, especializada em dizer as horas e divulgar anúncios, talvez identificando com o apresentador a escassez de linguagem que a converte num ser totalmente inverossímil no mundo em que procura sobreviver. Tinha como alvo de admiração a atriz norte-americana Marilyn Monroe, o símbolo social inculcado pelas superproduções de Hollywood na década de 1950.
Macabéa recebe de seu chefe, Raimundo Silveira, por quem ela estava secretamente apaixonada, o aviso de que será despedida por incompetência. Como Macabéa aceita o fato com enorme humildade, o chefe se compadece e resolve não despedi-la imediatamente.
Seu namorado, Olímpico de Jesus, era nordestino também. Por não ter nada que ajudasse Olímpico a progredir, ela o perde para Glória, que possuía atrativos materiais que ele ambicionava.
Glória, com certo sentimento de culpa por ter roubado o namorado da colega, sugere a Macabéa que vá a uma cartomante, sua conhecida. Para isso, empresta-lhe dinheiro e diz-lhe que a mulher, Madame Carlota, era tão boa, que poderia até indicar-lhe o jeito de arranjar outro namorado. Macabéa vai, então, à cartomante, que, primeiro, lhe faz confidências sobre seu passado de prostituta; depois, após constatar que a nordestina era muito infeliz, prediz-lhe um futuro maravilhoso, já que ela deveria casar-se com um belo homem loiro e rico - Hans - que lhe daria muito luxo e amor.
Macabéa sai da casa de Madame Carlota 'grávida de futuro', encantada com a felicidade que a cartomante lhe garantira e que ela já começava a sentir. Então, logo ao descer a calçada para atravessar a rua, é atropelada por um luxuoso Mercedes Benz amarelo. Esta é a hora da estrela de cinema, onde ela vai ser "tão grande como um cavalo morto".
Ao ser atropelada, Macabéa descobre a sua essência: “Hoje, pensou ela, hoje é o primeiro dia de minha vida: nasci”. Há uma situação paradoxal: ela só nasce, ou seja, só chega a ter consciência de si mesma, na hora de sua morte. Por isso antes de morrer repete sem cessar: “Eu sou, eu sou, eu sou, eu sou”.
Por ter definido a sua existência é que Macabéa pronuncia uma frase que nenhum dos transeuntes entende: “Quanto ao futuro.” (...) “Nesta hora exata Macabéa sente um fundo enjôo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas.”
Com ela morre também o narrador, identificado com a escrita do romance que se acaba.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Vale a pena ler: Carta do Cacique Seattle ao Presidente Norte-americano
Carta do Cacique Seattle ao Presidente
Norte-americano
"O QUE OCORRER COM A TERRA,
RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA.
HÁ UMA LIGAÇÃO EM TUDO"
NO ANO DE 1854, O PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS FEZ À UMA TRIBO INDÍGENA A
PROPOSTA DE COMPRAR GRANDE PARTE DE SUAS TERRAS, OFERECENDO, EM CONTRAPARTIDA,
A CONCESSÃO DE UMA OUTRA"RESERVA". O TEXTO DA RESPOSTA DO CHEFE
SEATLE, DISTRIBUÍDO PELA ONU (PROGRAMA PARA O MEIO AMBIENTE) E AQUI PUBLICADO,
TEM SIDO CONSIDERADO, ATRAVÉS DOS TEMPOS, COMO UM DOS MAIS BELOS E PROFUNDOS
PRONUNCIAMENTOS JÁ FEITOS A RESPEITO DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra?
Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da
água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de um
pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada
clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A
seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem
vermelho. Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão
caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem
vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são
nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos
rochosos, os sucos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem -
todos pertencem a mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar
nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar
onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.
Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós. Essa água brilhante que
escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos
antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é
sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo
nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu
povo.
O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos,
saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que
os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto,vocês devem dar aos rios
a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra,
para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que
vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas
sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa pra trás os
túmulos de seus antepassados e não se incomoda.Rapta da terra aquilo que seria
de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus
filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas
que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites
coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades
fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um
selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa
ouvir o desabrochar de folhas a primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas
talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente
insultar os ouvidos.
E o que resta da vida se um homem não pode ouvir um choro solitário de uma ave
ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, a noite? eu sou um homem vermelho
e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face
do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos
pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o
mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro.
Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante
há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao
homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar
compartilha seu espírito com toda vida que mantém. O vento que deu a nosso avô
seu primeiro inspirar também recebi seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa
terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o
homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos
aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta
terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma
de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo
homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não
compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que
o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria
de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve
acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés, é a cinza de nossos
avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida
com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças, o que ensinamos as
nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a terra, acontecerá aos
seus filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence a terra.
Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da
terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios.
Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela
força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o
domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para
nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos
bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados
do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.
Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
É o final da vida e o início da
sobrevivência.
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